quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A Psicologia da Educação/O Psicólogo Escolar

A psicologia da educação pode ser definida como um campo de aplicação do conhecimento psicológico, uma psicologia aplicada à educação, ou ainda como a psicologia de aprendizagem e do ensino na escola (Mallphant, 1983). Ao longo da sua história, a psicologia da educação tem preconizado formas de actuação diversas. Os primeiros modelos da prática psicológica, modelos de causalidade linear de raiz médica, pautavam-se por concepções clínicas, centradas na avaliação dos casos-problema e com uma ênfase terapêutica, na maioria dos casos resumida a uma orientação ou selecção de percursos educativos e profissionais, considerando unicamente as dimensões internas dos indivíduos como causas dos problemas (Bairrão, 1992; Almeida, 2000). Esta abordagem, demasiado estática, não conduz à mudança e à inovação e restringe o seu campo de observação à criança/ jovem tomada individualmente, não tendo em devida conta o papel da escola e do meio ambiente em que esta(e) vive. Resumindo, este modelo não valoriza os vários ecossistemas através dos quais a educação se processa.

A escola, contexto por excelência da prática da psicologia da educação, não pode ser apenas considerada como uma instituição social com funções de formação, de transmissão de conhecimentos, mas antes como um contexto relacional e dinâmico capaz de contribuir para o estabelecimento de novas formas de relação significativa entre todos os seus intervenientes. Partindo desta concepção de escola, a intervenção psicológica não se pode apenas focalizar no indivíduo em situações de crise, mas sim tomar como referência o desenvolvimento psicológico e a sua promoção. De um cariz essencialmente avaliativo e remediativo, a psicologia escolar assume, ao longo dos últimos anos, uma intervenção de natureza marcadamente preventiva e promocional (Almeida, 2000). Os psicólogos escolares não exercem a sua prática intervindo apenas directamente junto dos jovens, mas através de várias estratégias, procuram contribuir para melhorar a qualidade de vida dos alunos que lhes é proporcionada na sala de aula, na escola, na família, bem como nas relações da escola com a família e com a comunidade envolvente.

Entendendo-se a intervenção psicológica com um conjunto de acções no âmbito da remediação, prevenção e promoção do desenvolvimento humano, com impacto na integração e socialização dos jovens, dificilmente o psicólogo escolar poderá limitar a sua intervenção a atendimentos pontuais e individuais. O psicólogo deverá assumir o papel de mediador e de facilitador das relações e da comunicação, potencializando a formação psicológica dos vários intervenientes e o desenvolvimento das próprias instituições. Está reconhecido que a sua eficácia interventiva aumenta quando trabalha com os pais, os professores e outros agentes que influenciam o crescimento e o desenvolvimento da criança e do jovem (Oakland & Saigh, 1989; Mayer, 1992). Perspectivas micro de análise e intervenção, dirigidas a problemas singulares e esquecendo todo o sistema educativo, social e comunitário, introduzem desfasamento e descrédito; pelo que um conhecimento aprofundado das práticas de ensino e de avaliação ou do modelo organizativo da escola, bem como das práticas educativas da família e respectivas dinâmicas, é essencial para uma intervenção assente na consultadoria e na parceria com outros profissionais da escola e outros (ver figura 1).

                                                                                                                                                             






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